domingo, 25 de maio de 2008

Água




Não sei porque tanta chuva cai
em certos lugares
Havendo seca noutros,
mas descobri
quando se entrega a outro
recebe-se rendição semelhante.
As águas que correm nos olhos
Nem se comparam àquelas que fluem do coração.
Há nascentes que ainda não brotaram
Há rios que deixaram de correr
Há anseios e sentimentos não vividos
Há amores não atraídos.
Quem poderia se afogar num lago
sem nele ter caído ou entrado
inda que vagarosamente?
Sei apenas que o mar recebe todas as águas
Quentes, frias, finas, torrenciais, imensas, poluídas...
Porque não chove mais no meu íntimo
As torrentes da paixão?
Porque não há mais gotas na cumieira do meu corpo?
Nem orvalho nas membranas da alma?
Solo Dio sa



(Sergio Bittencourt)

24 de Maio de 2008 23:59

3 comentários:

Carmen Regina Dias disse...

Solo Dio sabe...
E Ele está tão dentro, tão bem guardado, que ...
Meu cantil está vazio, preciso
enchê-lo junto à fonte.
Envio sinais de fumaça aos amigos da alma,
Acorrem-me poetas e trovadores, menestréis do universos
chegam com suas harpas e violas...
Vamos procurar a fonte no meio da floresta humana
E vamos encontrá-Lo, certo que vamos...
E vamos louvá-Lo, adorá-Lo,
amá-Lo com todas as nossas forças,
de todo nosso coração.
Mergulharemos Nele e nunca mais
se secará nosso corpo e nossa alma
dessa água viva .
Compartilharemos com todos que tiverem sede...
E há muita sede na terra.

Obrigada por compartilhar esse sentimento de amor comigo, poeta!

Carmen Regina Dias disse...

"As águas que correm nos olhos
Nem se comparam àquelas que fluem do coração.
Há nascentes que ainda não brotaram.."

é tão lindo esse quadro...fico sem palavras, sabe...
uma voz dentro de mim diz que este poeta sente o acorde de minha alma,
como eu penso sentir o seu...

my music disse...

"Solo Dio sa"

É... só Deus sabe como e porque um poeta tão entronizado com as letras e canções conseguem emergir uma expressão tão tocante no coração humano.
Sua poesia, Sergio, se compara ao canto de um passarinho.