domingo, 25 de maio de 2008

Água




Não sei porque tanta chuva cai
em certos lugares
Havendo seca noutros,
mas descobri
quando se entrega a outro
recebe-se rendição semelhante.
As águas que correm nos olhos
Nem se comparam àquelas que fluem do coração.
Há nascentes que ainda não brotaram
Há rios que deixaram de correr
Há anseios e sentimentos não vividos
Há amores não atraídos.
Quem poderia se afogar num lago
sem nele ter caído ou entrado
inda que vagarosamente?
Sei apenas que o mar recebe todas as águas
Quentes, frias, finas, torrenciais, imensas, poluídas...
Porque não chove mais no meu íntimo
As torrentes da paixão?
Porque não há mais gotas na cumieira do meu corpo?
Nem orvalho nas membranas da alma?
Solo Dio sa



(Sergio Bittencourt)

24 de Maio de 2008 23:59

segunda-feira, 19 de maio de 2008



LEOA INDOMADA




Assim, com jeito de quem vai atacar

vem a leoa indomada

burilando os lábios

roçando a pele

mastigando um doce

castigando os machos

queima minha face ao vê-la rosnar

cócegas dominam a alma

ansiosa por prestar homenagens

E foge minha aurora

quando levanta ombros

caminha solta

e mais uma vez, vem...



Sergio Bittencourt

POESIA


BORBOLETA


Adeja borboleta esvoaça este vento

Que te joga de lado a todo momento

Atrás de uma esperança de lanças a voar

Agitando antenas, correntes de ar


Tuas asas cintilantes em pedaços se desfaz

É uma porção de si que deixaste atrás

Tal qual papel solto ao léu deste vento

Há jovens que voam além do momento


Borboleta pára, mocidade espera

É inútil lutar contra o inevitável

É tal como fogo que pega na palha

Há jovens que voam no céu da migalha


Borboleta vem e vê tudo se dilacera

Enquanto tu paras o jovem espera

Por rios que correm sem encher o mar

E as aves que voam por anseios vis

Há jovens que deixam o chão de um país.



Sergio Bittencourt